segunda-feira, 30 de abril de 2018

Juncos à beira do caminho de Francisco José Viegas

     Opinião: Francisco José Viegas é um amigo e alguém que admiro. Não só como pessoa, mas também como escritor. Escritor de policiais. Este é o primeiro livro de poesia, da sua autoria, que li. Confesso que poesia não é o meu género preferido. Quem me conhece sabe que sou uma mulher de romances. Para mim a escrita tem de ser em qualidade e em quantidade. Mas um livro de alguém que se admira tem, por maioria de razão, de ser lido.
     E o Francisco José Viegas não me desiludiu. Juncos à beira do caminho é um livro de poemas que me parecem bastante originais e conseguidos. A frase de Vasco Graça Moura, também ele um brilhante poeta, leva-nos imediatamente, no meu modo de ver, para o questionamento, e a ideia, de que, mesmo aquilo que é belo e nos poderá fazer felizes, deverá ser vista como uma “alegria inquieta”. A partir daí o escritor, através dos seus versos, levaram-me a outros horizontes, a outras leituras e a outros autores.
    As vozes deste sujeito poético recordam-me outras vozes, outros locais e outros livros sem que se ponha em causa a sua originalidade. A poesia do autor é um conjunto de sentimentos e sensações, que este eu poético nos transmite em cada linha e em cada pensamento. Simultaneamente, leva-nos a projetar os nossos próprios sentidos, sensações e pensamentos, tornando a leitura nossa e incorporando o que o eu lírico nos quer transmitir sobre si mesmo.
     Eu sabia que o Chico Viegas era um brilhante escritor de romances, críticas, e até mesmo de livros de culinária e agora descubro a sua faceta de poeta. Mais uma faceta de alguém multifacetado, mas que nunca desilude. Parabéns pelo seu brilhantismo. Para os amantes dos escritores portugueses e fundamentalmente de poesia é um livro fundamental. Mesmo para quem não é fan de poesia é um livro a não perder.

Sinopse: 
Ventos, cinza e alergias; gardénias entre
os dois muros de granito e a clareira
aberta depois dos aguaceiros;
as famílias reunidas em passeios
pela província, visitando monumentos
que comovem pelo amor à pátria,
antigo e fora de moda. Explicas
aos teus filhos uma batalha perdida:
há uma rara virtude desconhecida
na derrota que depois se pode colorir;
ou numa igreja abandonada a meio
do planalto. A vida não muda,
nem quando chove a meio do Outono
— apenas regressas à luz do passado.


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