Opinião: Depois de ter lido o Numa floresta muito escura da Ruth Ware
e de ter gostado bastante, não poderia deixar de ler este A mulher do camarote 10. Mas a verdade é que este livro foi completamente
diferente do anterior.
Enquanto o primeiro era um livro
escuro, este é um livro claustrofóbico onde parece que nos falta a respiração.
Os espaços são exíguos e a ideia de que se está em alto mar, sem costa à vista,
leva-nos a ter a sensação de que nada nos pode salvar ou travar quem nos queira
fazer mal.
A história centra-se em Jude, uma
jornalista que vai fazer a reportagem de inauguração de um novo barco, um iate
mais pequeno do que os normais. Opção? Sim claro, a ideia de tornar o espaço
marítimo mais intimo, para casamentos, festas de anos, lua de mel, etc.
O que acontece é que Jude, a
narradora em primeira pessoa, acha que ouviu um corpo a cair ao mar, embora não
falte ninguém a bordo, nem convidados, nem tripulação. Então o que será que ela
ouviu? Nada? Mas a verdade é que a ameaçam para que pare de procurar. Se não
aconteceu nada, qual o problema de ela procurar?
A partir daqui quase que o livro
se torna ‘esquizofrénico’ pois tudo nos passa a parecer irreal, incluindo o que
nos é narrado por Jude. A autora constrói como que um jogo de espelho, onde o
que aparece refletido não é, de todo, os factos a que estamos a assistir. Antes
pelo contrário, a partir de determinado momento tenta-se que o próprio leitor ponha
em causa o que é contado e o tempo no qual a narração se dá. Assim sendo
podemos dizer que a construção narrativa é brilhante, pois nada é incoerente,
mas ao mesmo tempo nada parece real.
Mais uma vez Ruth Ware constrói
um mundo à parte, tal como no primeiro livro, levando-nos a duvidar das nossas
perceções e do fio condutor que ela nos dá.
Brilhante e estranho ao mesmo
tempo. A verdade é que não deixa de ser surpreendente e, como tal, podemos
dizer que deixar de ler não é condição que se ponha. Acho, no entanto, que a
leitura do primeiro livro permite perceber melhor o universo narrativo deste A mulher do camarote 10. Uma leitura que
não sendo leve, nem de verão é imprescindível para quem gosta de thrillers. A
não perder.
Sinopse: Uma jornalista faz a cobertura da viagem inaugural de um cruzeiro de luxo. O que parecia uma grande oportunidade profissional revela-se um pesadelo quando ela testemunha um possível crime no camarote ao lado do seu. Porém, para sua surpresa, todos os passageiros continuam a bordo. Não falta ninguém e ninguém pode sair do navio…
Interessante como as nossas opiniões são diferentes. Para mim foi claro desde o início (forma de falar) pois fiz um esquema e percebi o enredo o que implica que não me surpreendeu. Vou ter de ler o primeiro.
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