quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Inês de Maria João Fialho Gouveia

     Opinião: Depois de ter assistido a uma sessão de autógrafos da autora Maria João Fialho Gouveia resolvi pegar no seu romance Inês. Não conhecia a sua escrita ficcional pois apenas tinha lido a biografia sobre o seu pai. De qualquer forma um livro sobre o amor de Pedro e de Inês tinha de ler, depois de ter lido quase todos os que foram publicados em Portugal.
     Nesta obra acompanhamos a vida de Inês desde a sua infância em casa de uma prima de seu pai, viúva de um meio irmão de D. Afonso IV, até ao final dos seus dias. Inês acaba por abandonar a casa a que chama lar, para vir para Portugal acompanhando D. Constança, noiva de D. Pedro, príncipe herdeiro de Portugal. De referir que Inês de Castro já era aia da jovem Constança anos antes de se deslocarem para o reino vizinho.
     Esta é uma história bastante conhecida. escrita e reescrita, o que poderia tornar o livro repetitivo, sem surpresas ou mesmo entediante. Mas não foi. A investigação feita pela autora leva-nos a um tempo e a uma história com alterações ao que é usualmente contado.
     Inês e Pedro são-nos, aqui, apresentados como duas personagens além do seu tempo, onde o amor impera sobre a politica e a guerra. Na verdade, penso que neste livro a grande novidade é a imagem que nos é dada do príncipe herdeiro. Enquanto que em outras obras se explora a imagem sanguinária do rei, neste é-nos justificado as suas atitudes, e as suas ações. Pedro não é mais do que uma figura dúbia da nossa história pois para uns é o Cru, enquanto que para outros se trata do Justiceiro.
     Também Inês aparece como uma jovem apaixonada, mas ciente da complexidade da sua posição perante a corte portuguesa. Ela sabe que os portugueses a temem, temem a sua família e as relações que esta última mantém com o príncipe herdeiro, bem como o ascendente que o amor, supostamente, lhe daria sobre D. Pedro. Mais, existe um pormenor na sua vida, ainda na infância, que influência negativamente a sua imagem perante D. Afonso IV. E essa particularidade faz toda a diferença.
     Para além disso está muito bem escrito, com uma narrativa fluida em que o rigor da época histórica acaba por interagir com a destreza de um narrador que desenvolve a ação de uma forma soberba, que prende o leitor do primeiro capitulo à ultima página.
     Trata-se, pois, de uma leitura que recomendo sem hesitações enquanto aguardo o lançamento de Maria da Fonte, A rainha do povo, a sair em novembro.


     Sinopse: Esta é a história de Inês de Castro, a bela aia galega que arrebatou o coração do príncipe D. Pedro, futuro rei de Portugal. Bisneta ilegítima do rei D. Sancho IV de Castela, chegara a Portugal no séquito de Dona Constança, futura mulher do príncipe, que viu o coração do noivo incendiado pela sua própria dama de companhia. Perdidamente apaixonado, o casal viveu um amor proibido, até que, após a morte de Dona Constança, passou a partilhar o mesmo tecto. 

     Dando largas à paixão que por tanto tempo haviam escondido, Pedro e Inês viveram dias idílicos, de paço em paço, até se instalarem em Coimbra, já casados e com três filhos. 
     Esta ligação desagradou ao rei D. Afonso IV, pai de D. Pedro. As intrigas políticas com que os conselheiros reais o sobressaltavam, alegando que os irmãos de Inês alimentavam pretensões à coroa portuguesa, contribuíram para que o rei não descansasse enquanto não libertasse, da forma mais trágica e terrível, o filho da influência da bela galega.





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