Opinião:O livro das emoções de Laura Esquivel era um pequeno
ensaio que estava na prateleira desde 2003. Sendo tão pequeno foi ficando,
porque haveria sempre um momento para o ler. Quando me inscrevi na Maratona
Literária de Verão e vi que um dos desafios era ler um livro com menos de 100
páginas nem hesitei. Era a oportunidade esperada. E foi.
Este
não é um romance, é mais um ensaio onde a autora diserta sobre as emoções,
desde a sua origem, até à procura de respostas para diferentes perguntas, sem
que, nalgumas delas, essas respostas existam, ou sejam dadas. No fundo é um
livro que leva o leitor a pensar e a questionar a forma como sente e expressa
as suas emoções.
Laura
Esquivel constrói um livro bastante interessante porque ela própria sublinha o livro
(literalmente), destacando as partes que considera mais importantes, faz marcas
laterias para salientar uma determinada ideia, coloca asteriscos ou setas para
realçar parágrafos. Se por um lado, esta forma de escrita é original e
interessante, por outro, condiciona a maneira como lemos o livro, criando um
debate surdo, pois o leitor não pode discutir e contestar os seus pareceres
senão consigo próprio.
Dividido em cinco capítulos, sendo que
o primeiro funciona como uma ida aos tempos primitivos e à origem da palavra
emoção dando-nos uma visão sumária da evolução histórica da mesma, e os
seguintes refiram os meios geradores de emoções (a palavra, a literatura, o
cinema) e o último capitulo é uma espécie de conclusão, como se falar sobre
emoções em tão poucas páginas pudesse esgotar o assunto.
Sinceramente não foi um livro que,
neste momento, me atraísse. A verdade é me apetece muito mais ler romance,
policial, ficção pura, do que um pequeno tratado filosófico, psicológico e
social sobre os estados emocionais. Mas a escrita é fluida, as ideias são interessantes
e, por isso mesmo, posso afirmar que valeu a pena a tarde em que finalmente o
tirei da estante para o ler.
O verão também não será a melhor época
para ler um livro que implica tamanha introspeção. Seria talvez um livro bom
para uma leitura partilhada, pois, assim, o diálogo entre o pensamento da
escritora e o dos seus leitores poderia existir de uma forma mais profícua para
estes últimos. Poderia, ainda, ser também uma boa leitura numa noite de
inverno, junto da lareira, proporcionando uma discussão de amigos. De qualquer
forma Como água para chocolate
continua a ser o meu livro preferido de Laura Esquivel.
Sinopse: Vivemos num mundo que concebe o ser humano como um ser insensível, que cortou o contacto com as suas emoções. Por isso mesmo, AGORA é o momento de redescobrirmos o ESSENCIAL. O que faz pulsar o nosso coração não é a recordação do carro que comprámos ou do tempo passado em burocracias, mas a esperança de fazer tudo aquilo que ainda não fizemos: dizer às pessoas que nos rodeiam o quanto significam para nós, dar um abraço a um amigo, partilhar uma tarde de riso com os nossos filhos, contemplar uma chuva de estrelas, dar um beijo apaixonado, amar, amar, amar…
Neste livro corajoso e poético, Laura Esquivel desafia-nos a valorizarmos as nossas emoções e sentimentos, a olharmos para o nosso íntimo e encontrarmos força para viver uma vida de verdadeira liberdade.
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