domingo, 13 de agosto de 2017

A filha do Vigário

     Opinião:Depois de ter lido algumas opiniões menos favoráveis, foi com algum receio que comecei a ler A filha do vigário de Cheryl Holt. Fi-lo, pois, trata-se de uma autora de que gosto muito e estava a apetecer-me ler um erótico.
      A verdade é que não é, de todo, o melhor livro dela. Existem dois ou três capítulos, após um início auspicioso, em que parece que a história se arrasta, mas depois acaba por avançar e a partir daí a leitura é compulsiva.
      Emma Fitzgerald é a jovem filha do vigário, cuja vida sofreu um revés após a morte do pai. Vivendo num casebre miserável, com a mãe e uma irmã mais nova, tenta convencer o rico e ilustre visconde de Wakefield, John Clayton, a não despejar os trabalhadores deste último, das casas onde estes tinham vivido toda a sua vida, apesar de agora já não conseguirem trabalhar para aumentar o lucro do senhor. E pronto. A atração é total e sem fuga possível.  Assim começa a cedência dele aos pedidos sociais dela, e a dela aos pedidos amorosos dele o que acaba por condicionar o desenvolvimento da história.
       A isto junta-se uma noiva abandonada, uma amante traída e um irmão ilegítimo com princípios morais superiores, em alguns aspetos, aos do visconde. A jovem e o visconde acabam por ter uma forte ligação sem, no entanto, nunca esquecerem as suas obrigações, quer face à posição social do rapaz, quer face à família da jovem Emma.
    As personagens mais interessantes acabam por ser os dois protagonistas, onde a dimensão psicológica é tão ou mais interessante do que a interação física. Penso, no entanto, que a autora poderia ter desenvolvido mais as personagens secundárias, como a noiva de John e o seu irmão bastardo, bem como as suas histórias, o que, na minha opinião, ficaram sem o desenvolvimento adequado o que faz com que não se compreenda o que lhes aconteceu.
       O mais interessante do livro são as cenas em que Emma e John conversam, sobre a aldeia onde se encontram e o modo de vida de quem lá mora, e as discussões onde esta o critica sem qualquer pudor. Este à vontade causa surpresa na personagem masculina habituado a ser obedecido sem que as suas ordens sofram comentários ou argumentos depreciativos ou mesmo que sejam desobedecidas.
     Quanto ao erotismo compreendo o aviso que aparece na contracapa pois as descrições das relações amorosas são bastante realistas o que pode ferir alguns leitores menos prevenidos. No entanto para quem está habituado ao erótico contemporâneo, não deixa de ser igual a muitos outros.

      É, pois, um livro do perfeitamente previsível, e cuja leitura perde por isso mesmo. No entanto, e para quem gosta deste género de livro, pode ser uma leitura fácil e agradável para umas férias de verão. Mas atenção, há melhor, bastante melhor, publicado  inclusive da própria autora.


Sinopse: Wakefield, a jovem Emma Fitzgerald vai preparada para dar luta. Pretende exigir dele um tratamento mais justo, um pouco de compaixão e decência para com os seus trabalhadores. Não contava deparar-se com ele em atos menos próprios (despido, até) com a sua amante londrina. E, embora o sangue lhe ferva nas veias, a jovem não deixa de experimentar um momentâneo e delicioso arrepio...
     O visconde não está habituado a ser repreendido. Muito menos por mulheres tão belas como Emma, pois essas costumam sucumbir rapidamente ao charme dele. E, quando o seu plano retorcido de a pôr a correr dali se vira contra ele, mais chocado fica. Agora, John está determinado a iniciar a jovem filha do vigário na arte do prazer… Ou será ela a iniciá-lo a ele na arte do amor…?



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