Opinião: Li este livro a pedido de uma
amiga que mo emprestou. Confesso que não gosto de ler livros emprestados, mas este,
não queria comprar, por puro preconceito: de repente toda a gente que aparece
na televisão ou nas revistas escreve um livro…
Mas
como ela me propôs a leitura aceitei. E em boa hora. A Raquel Strada escreve
bem, e o livro flui permitindo uma leitura rápida, até porque para os dias de
hoje não é um livro muito grande (228 páginas). A estrutura narrativa é linear,
a nível do tempo, embora tenhamos até perto do final do livro a história
principal intercalada com as páginas de um diário que Teresa escreve para aí
depositar os seus pensamentos mais secretos e íntimos.
A
história de Teresa é uma história, mais ou menos banal, de alguém que confia
nos amigos, no seu amor, naqueles que a rodeiam e aparentemente a fazem feliz.
Teresa tem uma vida estruturada, foi uma criança amada e, de certo modo,
protegida. Embora a relação dos pais tenha sido conturbada, ela, enquanto
criança foi protegida pelos avós, estruturas basilares do seu desenvolvimento,
permanecendo a avó como elemento congregador da família. Contudo, a sua relação
com os pais é bastante conturbada, sendo que Teresa não perdoa algumas atitudes
dos seus progenitores até ao tempo atual. No entanto, a história presente poderia
ser cor de rosa, com um amor perfeito para fechar um circulo de felicidade, mas
a verdade é que a traição a envolve e destrói as suas ilusões, as suas crenças,
a sua vida. Teresa tem que alterar a sua visão da vida e dos outros para poder
sobreviver.
O
livro acaba por ser previsível e o final não poderia ser outro. Nesse aspeto
perde alguma da tensão que poderia ter sido construída, caso a autora lhe desse
uma outra estrutura e um outro desenlace.
Teresa cresce enquanto pessoa durante toda a narrativa, acabando por se
mostrar uma mulher mais forte do que era espectável, mesmo pelas outras
personagens que habitam o seu universo ficcional. Pena é que tema da traição,
que poderia e deveria ter sido mais explorado, o seja apenas no final o que faz
com que o tópico mais interessante do livro acabe por nos parecer fraco,
ficando a saber a pouco.
Não
sei se o livro terá continuação, mas, tendo em conta a escrita espero que a
Raquel Strada continue a dar-nos outras histórias ou nos conte mesmo o que
aconteceu à Teresa após os acontecimentos finais.
Concluindo, o
livro é leve, bom para ler na praia, com uma história ligeira e, ao mesmo
tempo, verdadeira, pois todos nós, já nos sentimos enganados por amigos ou
amores que fomos deixando no passado. Teresa não consegue deixar a sua história
lá atrás e acaba por assumir um desfecho que poderá condicionar o seu futuro
imaginado por nós leitores, ou pela autora num próximo volume.
O primeiro romance de Raquel Strada é uma história feminina e intensa, em que os limites do amor e da vingança são postos à prova.
Eu não gostei do livro mas só de ler o teu texto ficava com vontade de o ler...
ResponderEliminarObrigada pelo elogio.
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