Opinião: Começo por
dizer que Dorothy Koomson não é uma autora que considere regular (sem querer
ofender ninguém). Ela tem livros dos quais sou fan, tem outros cuja leitura não
consegui terminar, (mas pretendo voltar a tentar) e tem livros que ainda não
li. Por isso, por não ter um conhecimento global, não sei se a culpa desta
indecisão é minha se da autora. Há momentos em que não estamos preparados para
ler determinada obra e depois, quando finalmente a lemos, amamos. Pode ser que
seja que aconteceu com os dois livros de Dorothy que ainda não consegui acabar,
tentar e amar.
A verdade, é
que, em relação aos últimos livros dela tenho-os lido sem vontade de parar e a
gostar tanto que tenho pena que acabem. Foi o que aconteceu com A Amiga, publicado, recentemente, pela
Porto Editora.
Quando peguei
no livro e li a sinopse, coisa que raramente faço, achei que o livro poderia
ser centrado na Cece e nas suas tentativas de descobrir quem tinha tentado
matar a Yvonne. Enganei-me. O livro acaba por ser baseado em Yvonne e na sua
atitude perante a vida e perante os outros, embora seja uma personagem da qual
só ouvimos a voz na última página embora várias sejam as vozes deste livro (o
que eu adoro este tipo de construção narrativa).
Ficamos a
saber o que se passou naquela cidade, antes da chegada de Cece através das
vozes de Maxie, Anaya e Hazel, as melhores amigas de Yvonne. Esta última surge
assim caracterizada através das palavras dos outros, e nunca por si mesma, ou
pela Cece, que não a conhece. Muito dentro da linha de Brest (olha o elogio)
Koomson constrói uma história ou melhor cinco histórias, sendo que em quatro delas,
a personagem que manipula tudo o que vai acontecendo não nos conta nada, apenas
temos a visão dos lesados e a forma como se sentiram usados, manipulados ou
mesmo abusados.
Trata-se,
pois, de um livro sobre mulheres,os homens acabam por ser personagens
secundárias, sem brilho, vivendo à sombra e sob a dependência, económica ou
afetiva, das suas mulheres, e da forma como o passado, queiramos ou não, vem
condicionar o presente. É ainda um livro de equívocos, da mania que temos de
achar que sabemos o que o outro está a pensar, sem lhe perguntarmos. Por fim, é
um livro sobre amizades entre mulheres e a forma como as mesmas devem ser, ou talvez
não, construídas.
A narrativa é
fluida, sendo que as vozes são intercaladas, na maior parte das vezes, o que
nos permite ter a noção dos jogos que Yvonne pratica para construir uma relação
de poder e domínio sobre as outras mulheres.
Um elemento,
para mim, importante nos livros é o titulo, que neste caso é uma tradução
literal do original. E este acaba por ser um titulo que depende da visão que o
leitor tem do livro. Posso mesmo dizer que comecei por achar que A amiga era uma personagem, e, depois de
ter lido o livro, acho que afinal é outra.
Concluindo, adorei
este livro da Doroyhy Koomson e tenho a sensação, posso estar enganada, que
vamos ter uma continuação. Eu pelo menos gostaria que houvesse, pois, o fio
daquela meada ainda não foi totalmente puxado, podendo a autora dar-nos a visão
da história por parte de quem esteve praticamente calada, Yvonne.
Sinopse: Quando o marido é promovido, Cece Solarin muda-se para Brighton com os três filhos, animada com a possibilidade de um recomeço. No entanto, o ambiente do bairro que a acolhe parece-lhe ansioso e os vizinhos sobressaltados.
Cece descobre que, três semanas antes, Yvonne, uma das mães mais populares da zona, foi deixada às portas da morte, no pátio da escola dos filhos - a mesma onde se vê obrigada a inscrever os seus. No primeiro dia de aulas, Cece conhece três mães muito diferentes que parecem querer ajudá-la neste novo começo. Mas Maxie, Anaya e Hazel são também amigas de Yvonne, e a polícia desconfia que uma delas poderá estar envolvida no crime.
Preocupada com a segurança dos filhos, Cece está decidida a descobrir a verdade…
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